Quando falamos de estética, o fazemos a partir de um conceito ou disciplina que está 2.000 anos antes da palavra que a define ou até mais. O termo foi introduzido pela primeira vez pelo pensador alemão Alexander Gottlieb Baumgarten em 1735, em seu livro Reflexões filosóficas sobre poesia.
O estético Tornaria-se o ramo da filosofia que estuda objetos artísticos e as formas como percebemos o mundo. É um conceito que variou ao longo da história, cuja origem remonta à Grécia clássica..
O fim aisthetikê vem do grego aistese, "Feeling", com o sufixo I Ca, "Relativo a", referindo-se ao estudo da natureza da beleza, ou beleza em geral.
Baumgarten afirmará em um trabalho posterior, justamente intitulado Estética (1750-1758), que "o fim da estética é o aperfeiçoamento do conhecimento sensível enquanto tal, e isso é beleza", mas o conceito vem se expandindo.
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A história da estética, como a da filosofia, é em grande parte a história de autores e pensadores que refletiram sobre a sensibilidade e a obra de arte. Porém, para alguns, é possível falar de estética de épocas mais antigas, e voltar às manifestações artísticas da pré-história..
Não há consenso sobre o assunto, pois alguns autores acreditam que o que hoje consideramos manifestações artísticas, como pinturas rupestres e outras expressões culturais do Paleolítico, cumpriam outras funções além da arte..
Em geral, a Grécia nos séculos V e IV aC, com Platão (c. 427-347 aC), que abordou a questão da beleza em diálogos como Hípias Maior, Fedro e ele Banquete.
Platão remonta ao mito de Apolo como deus da arte, a figuras como as Musas, e mergulha, pelo método socrático, em torno do belo e da busca do belo..
Outros autores gregos, como Tales de Mileto, Pitágoras, Protágoras, Górgias e Sócrates, refletiram sobre a natureza da arte e da beleza, mas Platão é o primeiro a abordar o assunto de forma sistemática..
Outro grego a tratar do assunto depois de Platão será Aristóteles (384-322 aC), que em uma de suas obras, o Poético, Por meio da análise da tragédia, ele definiu a arte como mimese ou imitação da natureza e da vida.
A reflexão sobre a estética continuará no mundo helenístico e na cultura romana (com autores como Cícero, Vitruvius ou Galeno, entre outros), e continuará com autores cristãos da antiguidade e da Alta Idade Média, como Santo Agostinho, João Casiano , Juan Escoto Erigena e outros teólogos.
A reflexão sobre arte e beleza continuará durante o período medieval, com representantes como Boecio, Tomás de Aquino e Dante Alighieri, autor do Divina Comédia e que, a partir das ideias de Tomás de Aquino, vinculou o amor à beleza.
No período do Renascimento, destacam-se vários autores que teorizaram em torno da arte, especialmente em torno da pintura e da escultura: Leon Battista Alberti, Lorenzo Ghiberti, Luca Pacioli (que falou do número de ouro em Da proporção divina) e Leonardo Da Vinci, cujo Tratado de pintura (1651) ainda está sendo consultado.
Outro autor que merece destaque seria Giorgio Vasari, considerado o primeiro historiador da arte moderna por sua obra. Vida dos mais renomados arquitetos, pintores e escultores italianos de Cimabue aos nossos tempos (1542-1550).
A reflexão sobre a natureza da beleza e das artes continuará nas obras de autores como Francis Bacon, Giovanni Pietro Bellori, Charles Perrault, e de filósofos como Blaise Pascal, Baruch Spinoza e, já no século XVIII, Gottfried Wilhelm Leibniz, principal influência de Baumgarten, criador do termo "estética".
Já a partir do século XVIII, a estética passou a ser um dos ramos da filosofia, diferenciando-se da história da arte e confundindo em alguns autores com a ética e outros aspectos da filosofia..
Entre os autores que tratarão do tema da estética devemos citar o Conde de Shaftesbury, Edmund Burke, Denis Diderot e Jean-Jacques Rousseau.
Entre o final do século XVIII e o século XIX, a estética será objeto de estudo de pensadores alemães como Johann Joachim Winckelmann, Gotthold Ephraim Lessing, Immanuel Kant, Friedrich Schelling e Georg Wilhelm Friedrich Hegel, entre outros..
Outros filósofos, e um grande músico, que abordará diversos aspectos da estética durante o século XIX e que não podemos deixar de mencionar são Soren Kierkegaard, Arthur Schopenhauer, o compositor Richard Wagner e Friedrich Nietzsche.
Durante o século XIX, surgiu uma tendência estética cujo autor mais representativo é Oscar Wilde; este aspecto será enfrentado por uma estética de cunho social ligada a pensadores socialistas como Henri de Saint-Simon, Charles Fourier e Pierre Joseph Proudhon.
No século XX, a estética será objeto de reflexão de todas as correntes filosóficas e políticas que tentarão interpretar, desafiar e até transformar o ser humano: existencialismo, marxismo, neokantismo, pragmatismo, etc..
Figuras da psicologia contemporânea, como Freud e Jung, se envolverão em teorias estéticas, e a estética como um ramo da filosofia se tornará tão complexa quanto a ética, a epistemologia ou a filosofia da ciência.
Desde o seu surgimento como conceito, e mesmo antes, a estética teve um duplo objeto de estudo..
Por um lado, a estética estudaria as várias experiências humanas em torno do real, o que chamamos de experiências estéticas e os julgamentos que se seguem, por exemplo, sobre o belo ou o feio, o elevado ou o baixo..
Por outro lado, o principal objeto da estética ao longo da história tem sido a valorização e percepção do trabalho artístico em suas diferentes modalidades, que hoje é estudado por meio da filosofia e da historiografia da arte..
Desde Platão, os problemas abordados pela estética estão diretamente ligados à percepção do mundo sensível, na questão da subjetividade ao avaliar a obra de arte, a relação entre o conhecimento objetivo e a imaginação, e a relação entre o belo e o bom, que é, entre a estética e a ética.
A estética, como ramo da filosofia e a partir do século XX, tem explorado a relação da arte com a psicologia, os fenômenos sociais e o desenvolvimento da ciência e das novas tecnologias, que estão mudando rapidamente nossa percepção da realidade..
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