O gliconeogênese É um processo metabólico que ocorre em quase todas as coisas vivas, incluindo plantas, animais e vários tipos de microorganismos. Consiste na síntese ou formação de glicose a partir de compostos que contêm carbono que não são carboidratos, como aminoácidos, glucógenos, glicerol e lactato.
É uma das vias do metabolismo dos carboidratos que é anabólica. Sintetiza ou forma moléculas de glicose presentes principalmente no fígado e, em menor extensão, no córtex dos rins de humanos e animais.
Este processo anabólico ocorre seguindo a direção reversa da via catabólica da glicose, tendo diferentes enzimas específicas nos pontos irreversíveis da glicólise..
A gliconeogênese é importante para aumentar os níveis de glicose no sangue e nos tecidos na hipoglicemia. Também amortece a diminuição da concentração de carboidratos em jejuns prolongados ou em outras situações adversas..
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A gliconeogênese é um dos processos anabólicos do metabolismo dos carboidratos. Por meio de seu mecanismo, a glicose é sintetizada a partir de precursores ou substratos formados por pequenas moléculas.
A glicose pode ser gerada a partir de biomoléculas simples de natureza proteica, como os aminoácidos glicogênicos e o glicerol, este último proveniente da lipólise de triglicerídeos no tecido adiposo..
O lactato também funciona como substrato e, em menor grau, ácidos graxos de cadeia ímpar.
A gliconeogênese é de grande importância para os seres vivos e principalmente para o corpo humano. Isso porque serve para atender em casos especiais a grande demanda de glicose que o cérebro necessita (120 gramas por dia, aproximadamente).
Que partes do corpo exigem glicose? O sistema nervoso, a medula renal, entre outros tecidos e células, como os glóbulos vermelhos, que utilizam a glicose como única ou principal fonte de energia e carbono.
Os estoques de glicose, como o glicogênio armazenado no fígado e nos músculos, mal são suficientes para um dia. Isso sem considerar dietas ou exercícios intensos. Por isso, por meio da gliconeogênese, o corpo é abastecido com glicose formada a partir de outros precursores ou substratos não carboidratos..
Além disso, essa via está envolvida na homeostase da glicose. A glicose assim formada, além de fonte de energia, é substrato de outras reações anabólicas.
Um exemplo disso é o caso da biossíntese de biomoléculas. Entre eles glicoconjugados, glicolipídeos, glicoproteínas e amino açúcares e outros heteropolissacarídeos.
A gliconeogênese ocorre no citosol ou citoplasma das células, principalmente do fígado e, em menor extensão, no citoplasma das células do córtex renal..
Sua via sintética constitui grande parte das reações da glicólise (via catabólica da glicose), mas na direção oposta.
Porém, é importante observar que as 3 reações da glicólise, termodinamicamente irreversíveis, serão catalisadas por enzimas específicas da gliconeogênese diferentes daquelas envolvidas na glicólise, o que possibilita reações no sentido oposto..
Eles são especificamente aquelas reações glicolíticas catalisadas pelas enzimas hexoquinase ou glucoquinase, fosfofrutocinase e piruvato quinase.
Revendo as etapas cruciais da gliconeogênese catalisada por enzimas específicas, fica claro que a conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato requer uma série de reações.
O primeiro ocorre na matriz mitocondrial com a conversão do piruvato em oxaloacetato, catalisada pela piruvato carboxilase..
Por sua vez, para que o oxaloacetato participe, ele deve ser convertido em malato pela malato desidrogenase mitocondrial. Essa enzima é transportada através da mitocôndria para o citosol, onde é transformada de volta em oxaloacetato pela malato desidrogenase encontrada no citoplasma da célula..
Por meio da ação da enzima fosfoenolpiruvato carboxicinase (PEPCK), o oxaloacetato é convertido em fosfoenolpiruvato. As respectivas reações estão resumidas abaixo:
Piruvato + COdois + HdoisO + ATP => Oxaloacetato + ADP + Peu + 2h+
Oxaloacetato + GTP <=> Fosfoenolpiruvato + COdois + PIB
Todos esses eventos possibilitam a transformação do piruvato em fosfoenolpiruvato sem a intervenção da piruvato quinase, que é específica para a via glicolítica..
No entanto, o fosfoenolpiruvato é transformado em frutose-1,6-bifosfato pela ação de enzimas glicolíticas que catalisam reversivelmente essas reações..
A próxima reação que fornece a ação da fosfofrutocinase na via glicolítica é a que transforma a frutose-1,6-bifosfato em frutose-6-fosfato. A enzima frutose-1,6-bisfosfatase catalisa essa reação na via gliconeogênica, que é hidrolítica e está resumida a seguir:
Frutose-1,6-bifosfato + HdoisOU => Frutose-6-fosfato + Peu
Este é um dos pontos de regulação da gliconeogênese, uma vez que esta enzima requer Mgdois+ para sua atividade. A frutose-6-fosfato sofre uma reação de isomerização catalisada pela enzima fosfoglicoisomerase que a transforma em glicose-6-fosfato.
Finalmente, a terceira dessas reações é a conversão de glicose-6-fosfato em glicose..
Isso ocorre por meio da ação da glicose-6-fosfatase, que catalisa uma reação de hidrólise e que substitui a ação irreversível da hexoquinase ou glucoquinase na via glicolítica..
Glicose-6-fosfato + HdoisOU => Glicose + Peu
Esta enzima glicose-6-fosfatase está ligada ao retículo endoplasmático das células hepáticas. Você também precisa do cofator Mgdois+ para exercer sua função catalítica.
Sua localização garante a função do fígado como sintetizador de glicose para suprir as necessidades de outros órgãos.
Quando o corpo não tem oxigênio suficiente, como pode acontecer nos músculos e eritrócitos no caso de exercícios prolongados, ocorre a fermentação da glicose; ou seja, a glicose não é completamente oxidada em condições anaeróbias e, portanto, o lactato é produzido.
Este mesmo produto pode passar para o sangue e daí chegar ao fígado. Lá ele atuará como substrato gliconeogênico, pois ao entrar no ciclo de Cori o lactato se tornará piruvato. Essa transformação se deve à ação da enzima lactato desidrogenase.
O lactato é um importante substrato gliconeogênico no corpo humano e, uma vez que os estoques de glicogênio se esgotam, a conversão de lactato em glicose ajuda a repor os estoques de glicogênio nos músculos e no fígado..
Por outro lado, por meio de reações que compõem o chamado ciclo glicose-alanina, ocorre a transaminação do piruvato..
É encontrada nos tecidos extra-hepáticos, com a transformação do piruvato em alanina, que constitui outro importante substrato gliconeogênico..
Em condições extremas de jejum prolongado ou outros distúrbios metabólicos, o catabolismo proteico será a última opção como fonte de aminoácidos glicogênicos. Estes formarão intermediários do ciclo de Krebs e gerarão oxaloacetato.
O glicerol é o único substrato gliconeogênico importante originado do metabolismo lipídico..
É liberado durante a hidrólise dos triacilglicerídeos, que são armazenados no tecido adiposo. Estes são transformados por reações consecutivas de fosforilação e desidrogenação em fosfato de diidroxiacetona, que segue a via gliconeogênica para formar glicose..
Por outro lado, poucos ácidos graxos de cadeia ímpar são gliconeogênicos..
Um dos primeiros controles da gliconeogênese é realizado pela ingestão de alimentos com baixo teor de carboidratos, que promovem níveis normais de glicose no sangue..
Em contraste, se a ingestão de carboidratos for baixa, a via da gliconeogênese será importante para atender às necessidades de glicose do corpo..
Existem outros fatores que intervêm na regulação recíproca entre a glicólise e a gliconeogênese: os níveis de ATP. Quando alto, a glicólise é inibida, enquanto a gliconeogênese é ativada.
O oposto acontece com os níveis de AMP: se estiverem altos, a glicólise é ativada, mas a gliconeogênese é inibida.
Existem certos pontos de verificação em reações catalisadas por enzimas específicas na gliconeogênese. Que? A concentração de substratos enzimáticos e cofatores, como Mgdois+, e a existência de ativadores como a fosfofrutocinase.
A fosfofrutocinase é ativada pelo AMP e pela influência dos hormônios pancreáticos insulina, glucagon e até mesmo alguns glicocorticóides.
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