O ação de investigação alude a uma série de estratégias metodológicas utilizadas para melhorar o sistema educacional e social. Foi originalmente usado para descrever uma forma de pesquisa capaz de misturar a abordagem experimental das ciências sociais com programas de ação social para abordar os problemas sociais mais importantes..
O psicólogo social alemão Kurt Lewin (1890 - 1947), um de seus principais fomentadores, afirmava que por meio da pesquisa-ação era possível alcançar simultaneamente avanços no campo teórico e mudanças sociais desejadas. A pesquisa-ação é vista como uma forma combinada ou coletiva de pesquisa introspectiva.
Seu objetivo é melhorar a racionalidade e a justiça nas práticas educacionais ou sociais, mas ao mesmo tempo ajudam a compreender tais práticas e as situações em que ocorrem..
As teorias da ação atribuem grande importância às perspectivas comuns, visto que são pré-requisitos de práticas que são compartilhadas durante o processo de pesquisa. No entanto, como indica Moser (1978), o objetivo da pesquisa-ação não é o conhecimento prático em si, uma vez que este é apenas o começo..
O importante mesmo é a “descoberta” que é feita e acaba se tornando a base do processo de conscientização e racionalização. Assim, o indivíduo torna-se mais consciente de algo e compreende melhor o processo; isto é, ele percebe.
O objetivo e a razão de ser da pesquisa-ação é atingir a plena consciência do aluno em relação ao processo científico, tanto o processo de produção do conhecimento quanto as experiências de ação em particular..
Índice do artigo
Kurt Lewin foi quem cunhou o termo pesquisa-ação em 1944 e outros pesquisadores deram a ele várias definições.
A definição de Lewin (1946) estabelece a necessidade de manter juntos os três componentes essenciais dessa estratégia: pesquisa, ação e treinamento. Ele argumenta que o desenvolvimento profissional depende desses três vértices do ângulo; um componente depende do outro e juntos se beneficiam em um processo retroativo.
Para o autor, o propósito da pesquisa-ação está orientado em duas direções: de um lado, há a ação para gerar mudanças na instituição ou organização ou instituição, de outro, há a própria pesquisa para produzir conhecimento e compreensão..
Outros autores deram suas próprias abordagens a essa estratégia de pesquisa social. Alguns deles são mencionados abaixo:
Em 1984, Kemmis apontou que a pesquisa-ação tem uma dupla propriedade. É uma ciência prática e moral, mas também uma ciência crítica.
Ele define a pesquisa-ação como "uma forma de investigação auto-reflexiva" realizada por professores, alunos e administradores escolares em determinadas situações sociais ou educacionais. Seu objetivo é alcançar o aprimoramento da racionalidade e justiça em termos de:
- Suas próprias práticas sociais ou educacionais.
- Compreensão total dessas práticas.
- As situações e instituições onde essas práticas são realizadas (escolas, salas de aula, etc.).
Em 1986, Bartolomé conceituou a pesquisa-ação como um processo reflexivo que vincula dinamicamente pesquisa, ação e treinamento..
Tem como foco o trabalho em equipe de caráter colaborativo, com ou sem facilitador. Intervêm pesquisadores das ciências sociais, que refletem sobre sua própria prática educativa..
É considerado o principal expoente desta metodologia. Elliott definiu a pesquisa-ação em 1993 como o "estudo de uma situação social para melhorar a qualidade da ação dentro dela".
A pesquisa-ação assume-se como uma reflexão sobre as atividades humanas e sobre as situações sociais que os professores vivenciam. Baseia-se no fato de que são as ações humanas que contam e não tanto as instituições.
Em outras palavras, são suas decisões as mais importantes para orientar a ação social, e não as normas institucionais..
Em 1990, Lomax definiu a pesquisa-ação na perspectiva de uma investigação disciplinada, como "uma intervenção na prática profissional com a intenção de trazer melhorias".
Entre as características de sua tese está que o pesquisador é o principal elemento da pesquisa. Além disso, é participativo na medida em que envolve outros atores com um papel mais relevante como pesquisadores e não tanto como informantes..
Segundo Kemmis e McTaggart (1988), a estratégia de pesquisa-ação apresenta as seguintes características ou traços mais distintivos:
- É participativo, pois o pesquisador trabalha com o propósito de aprimorar suas próprias práticas..
- Trata-se de um processo de aprendizagem sistemático, orientado para a práxis.
- Começa com pequenos ciclos de investigação (planejamento, ação, observação e reflexão) que se estendem para problemas maiores. Da mesma forma, é iniciado por pequenos grupos de colaboradores e gradualmente expandido para grupos maiores..
- A investigação segue uma linha introspectiva; É uma espécie de espiral que se desenvolve em ciclos cumprindo as etapas de planejamento, ação, observação e reflexão..
- É de natureza colaborativa, pois é realizado em grupos.
- Busca a criação de comunidades científicas ou acadêmicas autocríticas, que colaborem e participem de todas as etapas do processo investigativo..
- Induz a teorizar e formular hipóteses sobre a prática..
- Execute análises críticas nas situações que analisa.
- Gera progressivamente mudanças muito mais amplas.
- Práticas e ideias ou suposições são testadas.
- Busca aproximar o objeto da pesquisa e colaborar para o alcance das mudanças sociais práticas desejadas..
- O processo investigativo envolve registrar, compilar e analisar os próprios julgamentos, bem como reações e impressões de situações. Para isso, requer a escrita de um diário pessoal no qual são expostas as reflexões do pesquisador..
- É considerado um processo político, pois envolve mudanças que podem afetar as pessoas.
A pesquisa-ação é descrita por outros autores como uma alternativa à pesquisa social tradicional caracterizada por ser:
- Prático e relevante, pois responde aos problemas ambientais.
- Participativo e colaborativo, porque grupos de pessoas estão envolvidos.
- Emancipatório devido à sua abordagem simétrica não hierárquica.
- Interpretativo, porque pressupõe as soluções propostas do ponto de vista dos pesquisadores..
- Crítico, porque desde o início foca na mudança.
Existem três modelos ou tipos de pesquisa-ação, que correspondem às diferentes abordagens desta estratégia de pesquisa:
O objetivo deste modelo de pesquisa-ação é atingir um nível mais alto de eficácia das práticas sociais. A estratégia é estimular a participação de docentes em programas de pesquisa previamente elaborados por especialistas ou em equipe de trabalho..
Os programas estabelecem os objetivos da pesquisa e as diretrizes metodológicas a serem seguidas. Este modelo está vinculado a pesquisas realizadas por seus promotores: Lewin, Corey e outros.
Nesse modelo de pesquisa-ação, o corpo docente tem maior protagonismo e autonomia. Os pesquisadores (professores) se encarregam de selecionar os problemas a serem investigados e de controlar o desenvolvimento do projeto..
Eles podem incorporar um pesquisador ou consultor externo que colabora com o processo investigativo e apóia a cooperação daqueles que participam.
A pesquisa-ação prática busca transformar a consciência dos participantes e gerar mudanças nas práticas sociais. Este modelo está ligado aos trabalhos de Elliott (1993) e Stenhouse (1998)..
Este modelo incorpora as ideias expostas na teoria crítica. O seu trabalho centra-se nas práticas educativas através das quais procura emancipar ou libertar os professores do seu trabalho quotidiano (rotinas, propósitos, crenças), bem como estabelecer um elo entre a sua acção e o contexto social onde se desenvolvem..
A pesquisa-ação crítica emancipatória busca introduzir mudanças na forma de trabalhar (organização, conteúdo, relações de trabalho). Pesquisadores como Carr e Kemmis são seus principais expoentes.
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