O paradigmas de pesquisa eles variaram ao longo da história. Um paradigma é um conjunto de atitudes, crenças, formas de ver a realidade com as quais os pesquisadores decidem abordar o estudo do que os cerca. Portanto, é um modelo a seguir.
Esses paradigmas orientam os profissionais e ditam que tipo de problemas lidar. Exemplos de paradigmas de pesquisa são positivismo, paradigma interpretativo, sociocrítico, construtivismo ou materialismo histórico.
Os paradigmas mudaram de acordo com as transformações pelas quais a sociedade passou. A natureza das disciplinas (ciências exatas vs. ciências sociais, por exemplo) nos obrigou a buscar outras formas de acessar o conhecimento e interpretar os resultados das pesquisas.
Uma mudança de paradigma implica toda uma transformação na visão do mundo, na cosmologia de uma cultura, nos acordos tácitos a que chegaram as várias comunidades científicas e responde em grande medida às novas necessidades de uma sociedade..
Positivismo | Pós-positivismo | Sociocrítico | | Materialismo histórico | |
Base | O conhecimento científico é o único verdadeiro. | As teorias, hipóteses, passado e valores do pesquisador podem influenciar o que é observado. | Autorreflexão crítica. Conhecimento vem de comunidades. | A realidade é construída por quem a observa. | A história é o resultado de condições materiais e não ideais. As mudanças são produzidas pelos modos de produção e pela luta de classes. |
Caracteristicas | O conhecimento é empírico, científico, objetivo. Procure as causas. | Multimétodo, caráter subjetivo do conhecimento, indutivo, a realidade é interpretada. | A realidade é construída e compartilhada, valores compartilhados, indivíduos com poderes. | Sujeito ativo, realidade não objetiva. | A economia é a base da história social, os meios de produção determinam a estrutura. |
Métodos | Método hipotético-dedutivo. | Método hermenêutico, fenomenológico, etnográfico, análise do discurso, pesquisa-ação. | Pesquisa-ação, pesquisa colaborativa e pesquisa participante. | Método indutivo, método dedutivo. | Método crítico-dialético. |
Técnicas | Testes padronizados, questionários, inventários, listas de verificação, etc.. | Entrevistas, experiências pessoais escritas, histórias de vida, entre outros. | Diagnósticos participativos. | Práticas que promovem ambientes colaborativos. | Estatísticas, dados de instituições, documentos, etc.. |
O positivismo nasceu com Auguste Comte (1798-1857) e seu livro Discurso sobre o espírito positivista (1849), que estabelece o primeiro grande paradigma em pesquisa.
O positivismo é baseado na medição da realidade e começou em investigações naturais ou físicas, posteriormente conduzindo a investigações sociais.
O positivismo afirma que todo conhecimento surge da experiência, e que não há conhecimento a priori.
Afirma que tudo pode ser demonstrado por meio do método científico. Busca a sistematização do conhecimento, o verificável, o mensurável e replicável.
Afirma que o método científico é aplicável a qualquer disciplina, tanto científica como social.
Afirma que as interpretações não são importantes, mas as evidências documentadas. Ou seja, deixa de lado tudo o que não pode ser objetivamente suportado.
Formula generalizações e deseja encontrar as causas dos fenômenos.
O método em que se baseia o positivismo é hipotético-dedutivo: casos particulares são subordinados em busca de leis gerais. O método científico é aplicado, mas como a realidade social é o objeto de estudo, utilizam-se estatísticas, obtidas por meio da observação..
Isso leva a um reducionismo metodológico na pesquisa social, uma vez que o método não se adapta ao objeto de estudo, mas é isso que deve ser adaptado ao método. Deve começar a partir de uma amostra significativa para alcançar a generalização dos resultados.
O paradigma positivista usa técnicas para coletar dados: questionários, listas de verificação, inventários, testes padronizados (para medir diferentes parâmetros, por exemplo, satisfação no trabalho, níveis de estresse, tipos de personalidade, etc.).
Os comportamentos são observados por meio de fichas de registro, anotação sistemática de comportamentos, situações observáveis (com categorias ou subcategorias). Análise estatística.
É também denominado paradigma pós-positivista ou paradigma qualitativo. Nasceu como uma alternativa ao positivismo, pois entende que existem problemas e situações que não podem ser explicadas de forma satisfatória na perspectiva positivista, principalmente os fenômenos culturais..
É característico de disciplinas como antropologia e várias outras ciências sociais. Seu objetivo é compreender os processos sociais por meio da interpretação de significados, pensamentos e ações. Nem busca generalizações, mas sim compreender os fenômenos.
Afirma que o ser humano não "descobre" o conhecimento, mas o "constrói", pois conceitua, faz modelos e esquemas para dar sentido à experiência, verifica e modifica o conhecimento caso surjam novas experiências..
Desta forma, todos aprendemos na inter-relação com a realidade física, social e cultural que nos rodeia..
Use vários métodos para obter dados e informações.
Considera que os sujeitos do estudo trazem suas crenças, valores, intenções ou motivações para a investigação. O investigador deve levar esses fatores em consideração.
De acordo com o ponto anterior, o pesquisador deve interpretar os diferentes contextos das pessoas estudadas..
Para o paradigma interpretativo, a realidade é dinâmica, holística e múltipla. Não é uma, são várias realidades, e todas elas devem ser levadas em consideração para se elaborar uma explicação possível..
Parte do geral para o particular, pois tem como objetivo descrever e compreender o que é único..
O paradigma interpretativo usa vários métodos para abordar uma investigação. Entre eles estão o método hermenêutico (que interpreta o conhecimento); o fenomenológico, o etnográfico, a pesquisa-ação, a análise do discurso.
É baseado em entrevistas, histórias de vida, gravações de conversas, escrita de experiências pessoais. As entrevistas podem não ser estruturadas, os participantes são observados e diagramas de relacionamento social são desenhados.
Surgiu na década de 1920 como uma resposta ao positivismo e à corrente interpretativa, na Escola de Frankfurt (escola filosófica de pesquisa social). Parte da noção de que a ciência não é neutra; por este motivo, a ideologia é explícita.
Promove a autorreflexão crítica e afirma que o conhecimento surge dentro das próprias comunidades, de seus problemas e situações específicas. A teoria crítica é o resultado dialético do empirismo e da interpretação.
Realidade é uma noção construída e compartilhada pelos sujeitos do estudo e pela pesquisadora. Tem um caráter divergente.
Uma vez que promove a transformação social de dentro (identificando o potencial de mudança), os sujeitos se sentem fortalecidos e capazes de mudar seus problemas.
Assim como a realidade, os valores são identificados e compartilhados entre todos.
Os métodos usados são pesquisa-ação, pesquisa colaborativa e pesquisa participativa. Todos eles requerem observação, diálogo e participação ativa de quem participa..
O paradigma sócio-crítico é baseado em diagnósticos participativos, onde os membros do grupo estabelecem os problemas e soluções
As técnicas usuais são diagnósticos participativos, onde os sujeitos identificam os problemas da comunidade e propõem possíveis soluções. Geralmente são necessárias várias sessões e reuniões.
Esse paradigma faz parte da corrente filosófica da teoria construtivista do conhecimento, que surgiu em meados do século 20 e é defendida por diversos profissionais (linguistas, filósofos, antropólogos, biólogos, matemáticos, físicos, psiquiatras, sociólogos, psicólogos), que propõe que a realidade é até certo ponto "construída", "inventada" pelo observador.
Nestes termos, a realidade nunca pode ser entendida em sua dimensão plena, pois quando os dados são obtidos, mesmo que objetivos, eles são sempre ordenados de acordo com mapas mentais ou teóricos..
A realidade é construída com as percepções de cada pesquisador, além dos dados empíricos. O resultado será sempre uma aproximação da realidade, não uma verdade absoluta.
Jean Piaget chamou isso de epistemologia genética, e afirma que uma pessoa pode desenvolver sua inteligência ao longo da vida, graças ao desenvolvimento cognitivo que pode alcançar e à interação com o meio ambiente..
Não são importantes apenas as informações que o sujeito traz e as fornecidas pelo meio ou pelo contexto. O processo de conhecimento é construído pelo sujeito ao interagir no meio social e físico. Desta forma, uma interação recíproca é estabelecida entre ambos..
É um dos paradigmas educacionais mais poderosos. Estimula o diálogo em sala de aula, entre os alunos e o professor. Promove a curiosidade e estimula a iniciativa e autonomia do aluno.
Para o paradigma construtivista, a realidade nunca é objetiva e, portanto, não existe.
Os métodos utilizados podem ser indutivos ou dedutivos, pois o importante é o que o sujeito aprende por meio de sua experiência, observação e valores próprios, que podem ser transformados com o avanço da pesquisa.
Eles são projetados para gerar reflexão a partir da experiência.
Em sala de aula, professores e professores promovem um ambiente colaborativo para que os alunos construam seus conhecimentos por meio da negociação social, não da competição.
Práticas lideradas por facilitadores são recomendadas para orientar e orientar as “descobertas” construídas pelos alunos..
O materialismo histórico é uma concepção materialista da história, onde as mudanças são produzidas não por idéias, mas pelos modos de produção de uma sociedade e pela luta de classes..
Embora o conceito venha de Marx e Engels, o termo foi cunhado pelo teórico marxista russo Georgy Plekhanov. Os modos de produção condicionam as transformações sociais, políticas e espirituais. Neste último sentido, ele se opõe à ideia hegeliana de que a história é determinada pelo espírito.
É o mais importante para este paradigma, pois afirma que os valores, a cultura e a ideologia de uma sociedade são determinados pelo modelo de produção que aplica. A economia é a base da história social.
A única força capaz de produzir transformações históricas é a força de produção, os meios de produção (nas mãos do Estado). Essas transformações não dependem de determinação individual.
A estrutura é composta pelos meios de produção, pelas forças produtivas e pelas relações entre elas..
A superestrutura refere-se às instituições que compõem uma sociedade: o estado, ideologia, religião, leis, etc..
Utiliza o método dialético-crítico, um processo racional de compreensão da realidade. A observação empírica é essencial.
Use documentos e fontes primárias, estatísticas, números gerados por instituições (como ministérios da saúde, etc.) para iniciar investigações. Nunca é baseado em suposições ou especulações.
Existem outros paradigmas que influenciaram as formas de investigação. Estamos falando de estruturalismo ou desconstrucionismo, que explicaremos brevemente.
O estruturalismo se tornou uma abordagem das ciências sociais para analisar não apenas a linguagem, mas a sociedade e a cultura. Surgiu em meados do século 20.
O estruturalismo vê cada campo específico como um sistema complexo de várias partes que estão ligadas entre si (na filosofia, o estudo das relações entre as partes, e destas com o todo, é chamado de mereologia).
Em outras palavras, ele detecta e busca as estruturas por meio das quais o significado é produzido em uma cultura. Para isso, é possível utilizar pesquisas sobre como cozinhar em determinado horário, sobre jogos, rituais de casamento, etc..
Pode-se dizer que o iniciador dessa tendência foi o etnógrafo francês Claude Lévi-Strauss, que analisou fenômenos culturais como sistemas de parentesco ou mitologia na década de 1940..
Os estruturalistas mais importantes foram Jacques Lacan da psicanálise, Louis Althusser da filosofia marxista e Michel Foucault da psicologia, sociologia e história.
É um termo cunhado pelo filósofo pós-estruturalista francês Jacques Derrida, que interpreta a palavra destruição por Martin Heidegger em Ser e Tempo como "desconstrução" em vez de "destruição".
Essa corrente se refere ao fato de que os símbolos culturais dependem do contexto de uma sociedade, do tempo em que se manifestam, de atitudes e de outros múltiplos fatores, e que estudar cada um deles é como se chega a uma compreensão cultural e social completa..
Não é destruir o significado, é desconstruí-lo, isto é, “desmontá-lo” em suas partes para compreender o funcionamento interno..
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