O que é dualismo platônico?

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Sherman Hoover
O que é dualismo platônico?

O dualismo platônico propõe que nosso mundo seja dividido por uma espécie de linha invisível onde estão localizadas as coisas importantes e permanentes (chamadas eidos ou mundo das idéias), e por outro lado, as coisas fugazes, efêmeras e insignificantes (doxa, opinião ou mundo sensível).

Segundo Platão, devemos esforçar-nos diariamente por alcançar e elevar o nosso espírito, para que apenas pensemos e observemos a partir do eidos ou daquele mundo das ideias. Da mesma forma, em Platão não há verdade relativa, porque com base neste dualismo, a verdade é uma e está no lado superior da linha.

Platão (à esquerda) e Aristóteles (à direita), um afresco de Rafael. Aristóteles gesticula para a terra, representando sua crença em ter conhecimento por meio da observação empírica e da experiência, enquanto segura uma cópia de sua Ética a Nicômaco nas mãos. Platão ergue seu Timeu e mostra gestos para o céu, representando sua crença nas Formas.

O dualismo filosófico refere-se a diferentes crenças de que o mundo é dominado ou dividido por duas forças supremas que são intrínsecas e às vezes opostas..

Essas doutrinas procuram explicar como o universo foi criado e fundado. Porém, existem outras teorias um pouco menos formais que simplesmente explicam a existência de duas leis e portarias distintas no mundo, que podem coexistir sem problemas..

Existem diversos autores, como Pitágoras, Empédocles, Aristóteles, Anaxágoras, Descartes e Kant, que expuseram sua forma de pensar e conceber o mundo. Com diferentes teorias, como a de que o mundo é dividido em uma espécie de força ímpar e par, amizade e ódio, bem e mal, caos com inteligência, vazio com plenitude, etc..

No entanto, uma das contribuições mais importantes nesta área foi feita pelo filósofo grego Platão. 

Quais são os preceitos do dualismo platônico?

No livro de Platão, A República, podemos encontrar todas as suas teorias sobre o dualismo de uma perspectiva ontológica e antropológica..

Teoria da linha

Ontologicamente, Platão explica e expõe a teoria de que a realidade vivida se divide em dois pólos opostos. É aqui que a famosa e chamada "teoria das linhas" é criada..

No topo da linha estão todas as coisas passageiras, o visível e o tangível, nossas emoções e percepções. Deste lado da linha, Platão chama de doxa, o mundo sensível ou visível.

Conhecido como eidos, no fundo da linha, Platão dispõe dessas entidades eternas e atemporais, que nunca passarão e sempre permanecerão. Deste lado, há objetividade e a verdadeira essência das coisas é encontrada. Além disso, pode ser chamado de mundo das idéias..

Deve-se notar que Platão em nenhum momento nega ou nega a existência de qualquer uma dessas realidades. Simplesmente localiza e dá mais importância ao mundo das ideias ou inteligíveis porque considera que aí está o verdadeiro sentido da nossa existência, que é elevar o nosso espírito até podermos caminhar no eidos e não contaminar a nossa vida por algo tão simples e comum como a doxa.

O problema da doxa e do mundo sensível é que ele está cheio de imperfeições e nossas experiências, preconceitos, opiniões e aparências estão sempre presentes, atuando como uma espécie de filtro que nos impede de apreender o que é realmente essencial.. 

Por que, de acordo com Platão, devemos ansiar, pensar e agir a partir do eidos?

Como mencionado acima, Platão propõe que nosso verdadeiro sentido de existir é encontrado quando alcançamos o eidos, mas quais são as razões que sustentam essa abordagem??

Já que no lado sensível predomina a passagem, no eidos ou mundo inteligível não existem realidades personalizadas ou parciais. Realmente deste lado você pode encontrar a verdade (entendendo isso como algo permanente e imutável) e a perfeição.

Platão afirmava e afirmava que quando se pensa e age a partir do eidos, as ideias são reais e duradouras, e isso é precisamente o que diferencia a doxa do eidos, a opinião da verdade..

Por fim, é importante mencionar que se afirma que do mundo das ideias os pensamentos não estão isolados uns dos outros, mas são formados por um conglomerado relacionado entre si..

Dualismo platônico da antropologia

Com pensamentos mais ou menos semelhantes, mas de uma perspectiva antropológica, Platão estabelece o dualismo na existência humana. Ele considera que o homem tem duas entidades totalmente opostas.

O primeiro é o nosso corpo, que, pensando nisso a partir da alegoria da linha explicada acima, pertence ao mundo sensível, porque é temporário e mutável..

Em segundo lugar, existe a alma, considerada como aquele elemento intangível, divino e eterno que nos liga à vida. Isso pertence ao mundo das idéias, porque nunca muda e para o filósofo grego, é imortal.   

Portanto, o homem deve se sentir mais identificado com sua alma do que com seu corpo. Na verdade, o corpo é pensado como uma espécie de prisão que nos amarra e nos impede de mostrar nossa verdadeira essência e capturar a das outras pessoas. O corpo passa, mas a alma permanece. O primeiro é algo transitório, o segundo é algo eterno.

Unindo esse pensamento a outra alegoria bastante famosa do filósofo, não importa que vida tenhamos vivido: o objetivo é ignorar as sombras e sair das cavernas. Esta é a verdadeira forma de existir de acordo com o pensamento racional e ignorando, estabelecido por Platão.

Definitivamente, não é fácil deixar de lado nossa subjetividade e tentar alcançar um novo nível espiritual. Talvez Platão pecou por ser utópico e, portanto, é impossível realizar.

Porém, se cada um se esforçasse por viver, agir e pensar a partir do eidos, a sociedade seria totalmente diferente e alcançaríamos o bem comum..

Não custa fazer um esforço (por mais extraordinário que seja) para viver do racional e abandonar as coisas passageiras, dispensar os sentidos, as parcialidades, as subjetividades e focar na verdadeira essência das coisas e, mais profundamente, da própria vida.

Essa mudança de pensamento e modo de viver só pode ser possível por meio da dialética, considerada como uma técnica capaz de levar a pessoa do mundo do sensível ao alcance total do inteligível e à compreensão do conceito de bem comum.. 

Referências

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